Sexo, libido e menopausa: mitos e verdades sobre o prazer na maturidade
Ana Souza com supervisão de Tainá Fernandes / Redação RedeTV!Dr. Vitor Mello e Mara Ferraz desmistificam estigmas sobre a maturidade
(Foto: Freepik)
A menopausa é uma fase inevitável na vida das mulheres, marcada por uma série de transformações hormonais, físicas e emocionais. Apesar disso, ainda é cercada por estigmas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de mulheres estarão em fase de menopausa até 2025.
Estudos da North American Menopause Society apontam que aproximadamente 50% das mulheres enfrentam alterações importantes na libido, no humor e na qualidade de vida durante o climatério — fase de transição que antecede e sucede a menopausa. Esse período pode durar de dois a dez anos e costuma ser marcado por variações hormonais intensas. A menopausa, por sua vez, é definida como a última menstruação, confirmada após 12 meses consecutivos sem menstruar.
Enquanto o climatério é uma fase longa e gradual de mudanças — tanto físicas quanto emocionais —, a menopausa é um marco específico dentro dessa etapa.
Essas transformações hormonais não afetam apenas o corpo, mas também podem impactar as relações familiares, profissionais e afetivas, especialmente se não forem acompanhadas de acolhimento, orientação médica e informação.
Para reforçar a importância do tema, dados do IBGE mostram que, até 2030, o Brasil terá mais mulheres acima dos 50 anos do que adolescentes com menos de 14.
Pensando nisso, o Portal RedeTV! conversou com o sexólogo e biomédico Dr. Vitor Mello, e com a jornalista e apresentadora do podcast Pode Mais, Mara Ferraz, que atua com foco no público feminino 40+, para entender os desafios e possibilidades dessa transição.
Dr. Vitor esclarece que a menopausa pode, sim, impactar o desejo sexual, principalmente pelas alterações hormonais como a queda nos níveis de estrogênio e testosterona. “Isso pode causar diminuição da libido, ressecamento vaginal e desconfortos físicos como os fogachos, que são muito incômodos. Mas é importante destacar que a sexualidade envolve fatores emocionais, afetivos e culturais, não apenas fisiológicos. O contexto do relacionamento e a autoestima são essenciais para equilibrar essa balança.” Ele acrescenta que, apesar dos sintomas, é possível manter a libido preservada. “Existem tratamentos, como a reposição hormonal, que devolvem qualidade de vida e saúde fisiológica, e o autoconhecimento ajuda a mulher a passar por esse momento.”
Mara complementa: “A menopausa não é o fim de nada. Pelo contrário, ela pode ser o início de uma nova fase de autoconhecimento e liberdade.” Ela destaca que “a gente aprende sobre menstruação, prevenção e gravidez, mas ninguém ensina a lidar com o climatério, com o secar da pele, o fim da fertilidade, as mudanças no corpo. A gente aprende apanhando da vida.”
Sobre as mudanças físicas e emocionais, Dr. Vitor reforça: “A baixa testosterona está ligada a quadros de depressão, o que interfere diretamente no humor e na vida sexual. A diminuição da lubrificação natural causa incômodo durante o sexo, e os fogachos também são bastante desconfortáveis. Esses são alguns dos fatores físicos que impactam a vida sexual da mulher na menopausa.”
A apresentadora observa que muitas mulheres sentem vergonha de falar sobre os sintomas ou buscar ajuda médica, o que contribui para um sofrimento silencioso: “Tem mulher que acha que está ficando louca porque o humor muda, o sono não vem e o corpo já não responde como antes. Mas não é loucura, é biologia. É uma nova fase e a gente precisa de informação, acolhimento e protagonismo.”
O Dr. Vitor também comenta as queixas mais comuns das mulheres: “Fisicamente, o ressecamento e a perda de elasticidade causam desconforto. Socialmente, há um estigma negativo de que a mulher na menopausa ‘não serve mais para reproduzir’, o que ainda pesa no emocional. Precisamos quebrar esse tabu e mostrar que, com tratamentos adequados, a mulher pode ter uma vida sexual plena e satisfatória.”
Em relação ao ressecamento vaginal, o especialista explica que não é inevitável, embora seja comum. “A elasticidade dos tecidos também diminui, causando desconforto na penetração. Hoje há lubrificantes à base de água, lasers intravaginais que promovem a revitalização dos tecidos e várias terapias hormonais que ajudam a mulher a ter uma vida sexual mais confortável e prazerosa.”
Sobre a reposição hormonal, ele destaca que é muito positiva para a vida sexual, pois melhora a lubrificação, elasticidade vaginal e libido. “É um processo personalizado, que envolve exames para identificar a necessidade de cada mulher, e pode ser feita com gel, implantes ou outros métodos.”
O diálogo no casal é um ponto fundamental para manter a intimidade e o prazer reforça a jornalista Mara Ferraz: “A mulher precisa se abrir sobre as mudanças hormonais e desconfortos com o parceiro, buscar ajuda profissional, e juntos redescobrir formas de prazer e conexão emocional. Isso, aliado aos tratamentos médicos, torna possível uma vida sexual ativa e saudável.” Mara reforça que, mesmo com a queda da libido, “isso não nos diminui. Precisamos ressignificar o que é prazer, o que é desejo, e entender que nosso corpo continua sendo nosso aliado.”
Para ambos, romper o silêncio é o primeiro passo para viver essa transição de forma mais leve e saudável. “Falar sobre menopausa é uma forma de empoderamento. E quando uma mulher se entende, ela se transforma”, conclui Mara.
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